terça-feira, 13 de agosto de 2013

"É muito mais difícil lidar com a saúde do que com a doença". D.W. Winnicott

De fato, este não é apenas um dado clínico, mas um dado existencial.
Frequentemente, fala-se muito hoje em dia sobre a busca de felicidade e evitação do sofrimento como uma propensão natural da vida humana, mas por um paradoxo espantoso, percebo que toleramos muito mais dócil e facilmente a dor e a tristeza do que suportamos o prazer e a alegria (e isso mesmo levando em conta que a nossa tolerância a frustração é geralmente baixíssima).

Talvez, desde o início de nossa constituição, a dor seja nossa principal morada e portanto o terreno mais familiar para se pisar, enquanto a alegria é uma estrangeira esquisita sobre a qual nutrimos uma desconfiança cautelosa. Isso ajuda a explicar porque cotidianamente destruímos fontes legítimas de prazer enquanto nutrimos loucamente mananciais ilimitados de dor psíquica.

Na maior parte do tempo, parece que somos mesmo céticos cínicos em relação à nossa própria realização pessoal. 

Nesta perspectiva, desenvolvimento e amadurecimento psico-emocional não devem significar apenas a criação de uma reserva afetiva destinada à tolerância da dor, do sofrimento e da tristeza inerentes ao estar vivo; deve-se pensar na criação concomitante de uma reserva afetiva que torne possível suportar também o prazer, a satisfação e a alegria, o que definitivamente acho que para os seres humanos é uma tarefa bem mais difícil!  

Um comentário:

  1. - o homem dentro de sua neurose da razão se acostumou com as desculpas e justificativas empíricas para evitar de levar a cabo a tarefa que lhe foi dada. muitos dos indivíduos que manifestam a tristeza, incontidamente, são aqueles que não nutriram ao longo da vida objetivos e, aqueles que tinham, foram deixados de lado, abandonados por circunstâncias adversas, gerando a desconfiança do si mesmo, deixando que o superego atuasse em suas vidas como delimitadores do mundo da razão.

    obviamente que não podemos nos limitar a isso, pois essa é somente uma perspectiva teórica que poderá conflitar com diversas outras visões.

    abraço,

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