Mais um filme charmoso e formidável!
Ele apresenta de uma forma clara e honeste a falência total da espiritualidade moderna a partir do século XVIII em diante.
De um lado, observamos a uma religiosidade completamente caduca, que profere palavras ocas/vazias, sem vigor ou qualquer significado visceral e articulam o nome de Deus em vão, ou melhor, de acordo com suas próprias vaidades, luxúrias e interesses mundanos - leia-se mesquinhos.
De um lado, observamos a uma religiosidade completamente caduca, que profere palavras ocas/vazias, sem vigor ou qualquer significado visceral e articulam o nome de Deus em vão, ou melhor, de acordo com suas próprias vaidades, luxúrias e interesses mundanos - leia-se mesquinhos.
Do outro lado, encontramos o inocente e ingênuo culto Iluminista ao Deus da Razão, além de uma devoção idólatra à ideais absurdamente infantilizados como o anseio à liberdade, igualdade e fraternidade plena entre os seres humanos; acho que quase nada poderia ser mais contrário que isso aos desejos primordiais arraigados no psiquismo do homem... a exaltação entusiasmada da racionalidade pelos Iluministas apenas evidencia que eles compreendiam extremamente mal não apenas a Filosofia Antiga ou a Teologia Clássica, mas também não sabiam nada sobre Psicologia humana.
Mas que a justiça seja feita: é necessário reconhecer no movimento Iluminista, em detrimento de seus problemas e falhas conceituais e práticas, que ele surgiu como uma necessidade imperiosa da época para solucionar conflitos graves perpetuados pela pseudo-religiosidade e a má fé de homens que administravam deformadamente o culto ao sagrado com vistas exclusivas ao domínio do reino material do mundo; eles nem sequer imaginavam que o reino espiritual, morada oficial de Deus (compreendido aqui não apenas como força potencialmente criadora mas também como a representação conceitual mais sofisticada passível de ser concebida - veja bem, eu disse concebida e não produzida e portanto, não meramente ilusória como queria e advogava Freud - pela articulação entre intuição e capacidade de abstração humana), não se localiza no plano do visível no sentido corporal da sensibilidade humana, mas sim no plano invisível do eterno e das essências infinitas, que apenas fraca e remotamente pode ser vislumbradas pelo intelecto ou apreendidas pelo coração da pessoa humana - quando este, é claro, não foi demasiadamente marcado e fragilizado (diríamos talvez, traumatizado) pela dor e a amargura da existência diante de suas mais variadas possibilidades de sofrimento e desamparo.
Tudo isso e mais um pouco, confere ao filme uma grande qualidade de drama que consegue ser fiel às vicissitudes históricas da experiência humana para o bem e para o mal, após o advento polêmico e de certa forma inevitável da modernidade.
Tudo isso e mais um pouco, confere ao filme uma grande qualidade de drama que consegue ser fiel às vicissitudes históricas da experiência humana para o bem e para o mal, após o advento polêmico e de certa forma inevitável da modernidade.
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