sábado, 11 de maio de 2013

Confissões de um jovem apaixonado (filme)

      Na minha avaliação, um dos melhores filmes de 2013 (apesar de na verdade ser um filme de 2011; 2013 foi tão somente o ano de seu lançamento no cinema brasileiro)!
      Dois pontos a serem enfaticamente destacados:
      I. O filme retrata precisamente o sentimento de vazio interior, desespero e angústia característicos do sujeito moderno; reiterando assim a minha hipótese de que o mito cínico do "Nada transcendente" é uma invenção produzida especificamente pela modernidade, e de que todo o sofrimento neurótico típico de nossa época reflete nada menos (mas também nada mais) do que a falta de elementos simbólicos ou de outros mitos criativos para além do amor romântico, que sejam suficientes para aplacar o terror diante de uma das mais temíveis manifestações psicológicas descobertas - ou seriam geradas? - pelo mundo moderno: a sensação de tédio! até onde pesquisei, não encontrei quaisquer correlatos para o significado de termos como "tédio", "vazio existencial", "angústia diante do nada", e nem sequer de uma "filosofia do ateísmo" no mundo pré-moderno; o que indicaria que estamos diante de fenômenos não necessariamente ontológicos (universais) da condição humana, mas sim de manifestações singulares referentes a um determinado período histórico de nossa evolução - que compreende-se consensualmente como a "Era Moderna".  
      II. Além disso, ele ilustra escandalosamente bem, noções e conceitos fundamentais da teoria Freudiana: em primeiro lugar a noção de trauma psíquico (traição da amante), seguida logo depois da construção aprisionante de uma armadura neurótica enquanto defesa (expressa pela libertinagem); a consequente introversão da libido para o reino interior da fantasia (medo da amada) e finalmente, o resultado mais doloroso em termos de adoecimento psíquico: a perda (parcial ou total) da capacidade de amar (culminando assim no abandono da amada)!
      A estética do período e a sensibilidade aguçada e introspectiva do herói (trágico) me remeteram muito ao drama espetacular de Werther! Ou seja, temos ao mesmo tempo um filme nobre e sensível, além de apaixonadamente intenso e profundo.        

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