terça-feira, 15 de julho de 2014

Pretendo não repetir o que já disse anteriormente aqui mesmo neste post, e portanto, seguirei pensando com os seus comentários utilizando-me e estendendo-me sobre os meus pontos de vista:

Sergio Solis Checa, sim ,concordo contigo em seu primeiro ponto, mas com a seguinte ressalva: os recursos diferentes e as desigualdades em relação ao ponto de partida são evidências históricas datadas de milênios - isto é, muito antes da existência de um sistema propriamente capitalista. Este é o núcleo central da mensagem que eu gostaria de comunicar com este post: a mobilidade social é uma conquista da democracia política, já a mobilidade econômica uma conquista (até hoje) exclusiva do sistema capiltalista de produção. Nem o sistema feudal (anterior) ou o sistema socialista (posterior) possibilitaram esta façanha - até por que ambos possuem mais semelhança entre si do que de fato aparentam.

Sobre isso recomendo a leitura (ao menos da introdução) de "A democracia na América", de Alexis de Tocqueville. Segundo minha linha de raciocínio, essas duas conquistam caminham juntas, lado a lado, pois Tocqueville percebeu (antes de Marx) que a liberdade politica acompanha radicalmente a liberdade econômica, ou melhor, a liberdade política é fruto da liberdade econômica, pois a ascensão econômica das sociedades invariavelmente tem se demonstrada associada a maior independência entre os poderes no seio dessa mesma sociedade. As pessoas, o povo ou a população em geral, ascendeu socialmente sobre o antigo regime feudal a partir do momento em que elas obtiveram maior acesso ao "dinheiro" ou aos bens materiais por consequência de trocas - obviamente não absolutamente - "livres" entre "iguais" (mas sim relativamente mais livres e iguais quando comparadas ao rígido e antigo estatuto de nobreza ou plebe, sendo que havia "razões culturais tidas como naturais" muito peculiares que garantiam uma pacifica coexistência entre essas, aí sim, classes radicalmente antagônicas).

Neste ponto Marx pode ter acertado: a economia não apenas interfere quanto mais propriamente define os rumos da política, porém, se ele detectou no capitalismo uma doença (diagnóstico errado, pois como defendi anteriormente, me parece que marx fala sobre capitalismo pensando em feudalismo), receitou um remédio que produziu efeitos colaterais piores que a doença, isto é, a ditadura do proletariado, ou "socialização forçada dos meios de produção mediada pelo Estado", o que dá no mesmo. (não considero que seja o caso aqui de aprofundar nos aspectos da psicologia do indivíduo, mas vale ressaltar que a princípio, o substrato psicológico dos "meios de produção" nunca é uma "ferramenta" e sim uma "ideia" - mais precisamente uma imaginação).

Quanto a taxação maior para os mais ricos, considero uma medida inoportuna, pois ela deve ser maior apenas em termos proporcionais ao seu ganho maior, caso contrário, puniríamos as pessoas simplesmente porque elas obtiveram melhores resultados comparadas as outras, o que é uma loucura!

Agora emendo com as questões do Tiago Montanher, e sigo aqui com uma convicção de base: estamos ambos em consenso em relação à ideia de que a meritocracia funciona melhor partindo de um menor grau de desigualdade de base, apenas discordamos, talvez, do modo como possamos alcançar isso, que eu chamo de "equidade" (pois pensar em "igualdade" aqui é maluquice!). 

Pois bem, defendo simplesmente que devemos aumentar o acesso das pessoas ao dinheiro, de preferência através do trabalho escolhido o mais livremente possível. Como fazer isso? Ronald Reagan nos dá uma preciosa dica: "Acredito que o melhor programa social é o emprego", e é claro!, "bolsas X" podem ser de fato muito bem-vindas para pessoas miseráveis, mas elas não irão leva-las muito adiante em relação a terrificante linha da miséria; já um emprego pode fazer isso. Além do que, a qualidade de qualquer serviço assistencialista prestado pelo Estado deveria ser medida pela quantidade de pessoas que o abandonam e não pelo maior número dentre eles que se torna progressivamente dependente... exatamente como se mede por aqui, quando se diz que o programa é um "sucesso". Assim, as mais variadas "bolsas" que o governo oferece, na verdade, não são mais que serviços que o Estado cobra caro e, em contrapartida, oferece pouco. Afinal, esta é uma das incumbências do Estado: servir a população com serviços custeados pelo recolhimento de impostos. Ele não dá nada, ele apenas cobra quanto quer e depois devolve quanto e como quer. 

Ao final, ele assume então uma função que qualquer empresa poderia oferecer, mas não se preocupa minimamente com a qualidade do que é oferecido. Em suma, o Estado no Brasil é uma empresa ruim e o funcionalismo público como um todo é uma tragédia! e para quem depois poderemos reclamar, se não somente ao Estado? quanto a uma empresa ainda poderíamos acionar o código de defesa do consumidor...

Defendo portanto uma política econômica mais liberal não no sentido de um anarco-capitalismo, mas no sentido da menor intervenção e controle Estatal possível sobre a economia, assim como uma redução significativa na carga tributária das empresas de médio e pequeno porte, de modo a incentivar uma maior proliferação da iniciativa privada autônoma, que em nossa sociedade é enormemente sufocada pelas concessões e trocas de privilégios entre governos e grandes empresas que juntas constituem os mais diversos monopólios. Destaco ainda que uma sociedade liberal opera necessariamente na base do tripé: Constituição Democrática, Estado e Mercado, sendo que o Mercado deve (assim como o Estado) estar submetido a uma ordem constitucional maior, e jamais o contrário, como acontece no socialismo, onde Estado, Mercado e Constituição se fundem (e se confundem) em uma coisa só. O exemplo da Zara deve ser inclusive investigado, pois qualquer forma de trabalho escravo já foi abolida no Brasil desde 1888. Nesse sentido, como é de praxe nas inversões peculiares da cultura brasileira: um liberal (do ponto de vista econômico) está mais para um revolucionário (liberal em pleno sentido) do que para um conservador, pois aqui no Brasil a tradição verdadeiramente conservadora é a tradição do pensamento Estadista ou do Estado "salvador da pátria" - seja pela via dos militares, seja pelas vias tecnocratas de esquerda. 
Ao fim, separei aqui três links interessantes que apreciei recentemente, pois acho que eles refletem e ilustram bem os meus pontos de vista aqui apresentados:

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