Alguém no âmbito da política, deve sim, pensar, se preocupar, investir e apostar no potencial individual e criativo do seres humanos - assim como o faz de modo radical e acertadamente, a meu ver, a psicanálise.
Considero que podemos então, como também agentes políticos que somos, ultrapassar essa ideologia coletivista (e por essência, esmagadora de singularidades) dominante na política brasileira atual (especialmente no âmbito federal). Devemos assim, eu acredito, superarmo-nos em relação aos discursos de massa tão redutores das possibilidades individuais e finalmente desmistificar a falsa noção de que "emprego", "mercado", "livre iniciativa" e "propriedade privada" são palavrões ou mesmo novos pecados capitais...
Mas sigo com uma dúvida: essa tendência muito bem apontada por você, sobre uma possível e forçosa regressão coletiva (neurótica) ao estado de dependência dos sujeitos em relação ao Estado patrono, seria expressão de um desejo nostálgico de retorno á dependência tirânica do pai sádico (como nos exemplos de totalitarismo fascista e socialista do século XX), ou da "mãe jacaroa" (para usar a feliz expressão de Lacan sobre as mães devoradoras da subjetividade de seus filhos)???
Honestamente, estou mais inclinado a pensar na segunda hipótese para compreender a hegemonia do pensamento da esquerda totalizante na América Latina...
P.s: não sou de forma alguma absolutamente contra políticas de cunho mais assistencial, pois acho sim que o Estado deve atuar para oferecer condições mínimas ao desenvolvimento de pessoas absolutamente desamparadas. Porém, tenho a péssima impressão de que muitos de nossos governantes estão se apropriando e conduzindo essas políticas de maneira completamente perversa: isto é, com vistas a manutenção eterna da relação de dependência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário