quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Nazismo e Socialismo: irmãos gêmeos

Se, admitirmos com Philip Rieff, que "psicanaliticamente compreendido, o socialismo é o filho do capitalismo, rebelando-se - através de seu culto [idolólatra] da personalidade emancipada - contra um pai ao qual ele teme/deseja se assemelhar bastante", estaremos a apenas um passo de reconhecer que o nazismo é nada menos que o irmão mais próximo e bem sucedido do socialismo. Ambos perseguiam em plenitude noções abstratas como justiça social, liberdade e igualdade, prometendo assim prosperidade a toda humanidade (ao contrário do capitalismo, que apenas "promete" prosperidade aos que a desejam); porém, enquanto o nazismo, em nome da "pureza da raça", borrifava inseticida para baixo; o socialismo, em nome da "miséria de classe" borrifa até hoje para cima. Ambos tem em comum o desejo fascista de um ideal coletivo plenamente harmônico, que elimine a tensão das diferenças no interior da comunidade dos homens. É um erro considera-los como sistemas fracassados em seus interesses políticos: o horror não decorre mais propriamente de suas "falhas" do que de seus "acertos". Ambos levaram o ideal de um governo "democrático" ao extremo de sua idealidade, e isto significa: um governo dirigido totalmente em função dos interesses de uma massa homogênea e unificada. Uma democracia assim tão plena, em que todas as decisões passam pelo crivo da maioria, não é de forma alguma desejável, pois representa a aniquilação constante do singular e do individual. Ao contrário do que muitos ainda pensam, o socialismo e o nazismo foram experiências terríveis e deprimentes não porque tenham sido mal sucedidas em seus projetos, e sim por ter suas expectativas satisfatoriamente realizadas.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Fe, eu não sei se entendi como deveria, mas gostaria de responder à algumas coisas. O socialismo, ao menos o que defendo, não prega hoje (e não consigo ver quando tenha pregado) a "miséria de classe". Infelizmente, o que sobra ao Socialismo é a "miséria", a pobreza e a escassez, porque quem detém a riqueza não permite que esta seja compartilhada.
    Eu vejo o Socialismo como algo que não pode ser destituído do conceito de ética, principalmente, e do conceito de liberdade não liberal (pontuemos bem isto aqui, uma liberdade que foge da ideia equivocada de que "a minha liberdade termina onde a sua começa", individualista, bem como o pensamento Liberal, mas que é sim uma liberdade que se configura, simultaneamente, como um meio e um fim, e que só pode se dar verdadeiramente quando oferece a todos condições dignas de desenvolvimento, para que só então se possa falar em "escolha"); e que por isso nem de longe pode ser associada ao Nazismo.
    Por fim, um modo de funcionamento que se paute no bem comum, não relativizado, humanizado e livre de alienação.

    Um grande abraço.

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