Não considero a cisão direita/esquerda tão esquizo assim. Na verdade, considero ela apenas uma síntese didática de uma divisão política bem complexa, de fato: de um lado, os que priorizam o espectro da "liberdade", e do outro, o da "igualdade" entre os agentes. Assim, trata-se de uma divisão pedagógica banal para delimitar os diferentes direcionamentos políticos. Não há necessidade alguma de criar uma rivalidade do tipo "fla-flu", mas deve-se convir que os partidos se mobilizam partindo desta ambivalência - pendendo mais para um ou outro lado; não há como incrementar fragmentações aí.
Você tem razão: a esquerda também comporta divergências em seu interior. Eu simplifiquei demais a questão. Fiz isso, pois tenho comigo que essas tensões internas apenas são relevantes enquanto o projeto político de ascensão ao poder e controle social dos indivíduos (que se dá tanto pela via das regulamentações burocráticas quanto pela expropriação das riquezas materiais) pelo Estado não se concretiza. Na minha leitura, o objetivo do socialismo é justamente esse, eliminar a tensão da diferença. O totalitarismo não é um efeito colateral de um estado forte, e sim sua própria finalidade.
Historicamente, a liberdade política sempre andou acompanhada da liberdade econômica (mais precisamente: a segunda é condição para a primeira). Todos os sistemas que procuraram reduzir as desigualdades econômicas reduziram concomitantemente as liberdades políticas. Tocqueville escreveu sobre isso antes mesmo do advento século XX.
Neste sentido, fundir Estado e sociedade civil, tal como preconiza a agenda progressista, corresponde ao assassinato do indivíduo. Qualquer direita que se preste reconhece que o indivíduo é a "menor minoria" existente, e por isso luta pela sua preservação.
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