Essa semana eu assisti o filme fascinante sobre São Francisco de Assis. Ele me fez pensar um pouco mais sobre as grandes questões religiosas e, neste momento, tenho apenas uma coisa a dizer:
Qualquer uma das grandes
religiões que sobreviveram durante pelo menos 1000 anos de evolução
histórica (judaísmo, cristianismo, budismo, islamismo,
etc) deve ser profundamente respeitada! Existe sabedoria demais ali condensada e aconselho que, caso voce (alguém qualquer) não entenda o que ali está se passando, por favor, faça o favor de ficar quieto... Como diria Pascal, "melhor respeitar o silêncio!"
Agora, o tal do Ateísmo tão exaltado nos dias de hoje, não passa de uma moda intelectual moderna. Até mesmo o materialismo grego de Demócrito e
Epicuro são cosmologias um pouco mais refinadas, mas mesmo assim, (neste ponto) eu acho que não se deve dar muito crédito para eles... Por outro lado, o materialismo científico do
século XX para cá, reflete apenas a ausência de atividade filosófica séria (isto é, a reflexão mais elaborada no âmbito do espaço público cessou e agora qualquer papagaio falante sai por aí dandos suas tagareladas inconsistentes!).
Em outras palavras: a essência vigorosa do pensamento religioso
que é comum a todas essas doutrinas milenares é coisa pra gente grande, pois requer um certo tipo de maturidade muito especial; já o pensamento juvenil, infelizmente, na maioria das vezes fica totalmente atordoado e perdido! Nestes casos, para propósitos mais lúdicos ou divertidos, aí sim, esse
negócio de Ateísmo, sem dúvida é o mais indicado...
Inclusive, eu ainda não consegui
me livrar de um preconceito empírico: no geral, os ateus que eu
conheço, ou que eu conheci, são extremamente preguiçosos do ponto de
vista mental. Não é a toa que São Tomás de Aquino "elegeu" a preguiça como um pecado capital.
Ainda bem que a maravilhosa Hanna Arendt nos alertou que, viver sem nenhum tipo de preconceito é uma ficção impossível!
Fe, devo lhe falar que me senti pessoalmente ofendida com este post. "Ausência de atividade filosófica séria, coisa pra gente grande, preguiça do ponto de vista mental"... Você percebe que este é exatamente o tipo de fala que inicia essa clássica rixa dicotômica existente entre ateus e religiosos?
ResponderExcluirO que mais me incomoda quando assunto é este é, basicamente, o proselitismo bem recorrente das pessoas que aparentemente não entendem que possamos sim viver sem depositar fé em qualquer entidade religiosa que seja. Assim como o que mais me incomoda nos ateus é essa soberba intelectual que tanto vemos por aí. De qualquer forma, os argumentos que você expõe aqui são também, de alguma maneira, um desrespeito. Afinal e contas, a ausência de crença também é uma crença.
Por fim, se vale de algo, deixo aqui um depoimento pessoal de alguém que identifica-se como ateia desde que se conhece por gente. Garanto-lhe, sem qualquer ar de arrogância ou prepotência, de que não sinto falta de qualquer deus. Qualquer que seja. Em todos os momentos da minha vida, sejam eles de dificuldade, desespero, esperança ou gratidão, em nenhum momento sinto-me ligada ou mesmo carente de tal fé. Busco em mim mesma qualquer que seja o conforto que eu necessite.
Parece bastante difícil a algumas pessoas entender que nem todos precisam ou conseguem ter tal ligação, mas em fato é bem simples. As pessoas acreditam naquilo que conseguem. Eu não consigo, fim. E não, não tem nada a ver com preguiça mental. É uma questão de necessidade, talvez. Eu não sinto tal necessidade.
Espero que você possa reconsiderar tal conclusão um dia. Beijos.
Caso você tenha a curiosidade:
ResponderExcluirhttp://deciframeaqui.blogspot.com/2011/01/sobre-vida-morte-deus-e-necessidade-de.html
Thaisinha, obrigado pelo comentário no blog. Entendo o seu ponto de vista. Na verdade, eu venho de mais ou menos uns 10 anos de ateísmo... mas o problema é que eu assumi um ateísmo com quinze anos de idade e o embate direto com a experiência me levou a admitir a completa insuficiência de meus preceitos. De fato, quanto mais eu penso e estudo, mais eu me aproximo do conhecimento sobre Deus. Trata-se quase de uma experiência mística, mas vale destacar que eu não precisei para isso, me filiar a qualquer tipo de religião. Eu diria que todo o meu interesse e embasamento por esta questão é de cunho mais filosófico do que qualquer outra coisa. Inclusive, este tema tem sido motivador de inúmeras reflexões por minha parte nos últimos meses e, neste sentido, estou escrevendo um ensaio extenso sobre estas questões. Me parece que Freud, foi o melhor argumentador ateu que eu já li, mas o cerne da sua defesa teórica é psicológica e não ontológica; existem incompatibilidades estruturais entre a lógica e a psicologia, e no limite, isso acaba sendo o fator crucial que inviabiliza a certeza científica de todo materialismo moderno (sendo Freud o expoente mais significativo e contundente dessa vertente teórica no século passado). Bom, enfim, não tenho interesse algum em desrespeitar a crença das pessoas, afinal, estamos todos em terreno dogmático, isto é, estamos lidando com questões de fé; e fé é uma questão de aposta, não e possível qualquer certeza plena e absoluta (esta é a prerrogativa básica da ação e do pensamento humano). Mas, ao contrário, o pensamento hegemônico contemporâneo, tenta falsamente subjugar a fé religiosa em detrimento das certezas da ciência e é aqui eu procuro intervir e me defender. A minha polêmica não é com a crença individual de cada pensador, e sim com a tirania materialista da ciência moderna que defende um ateísmo puramente ideológico (muitas vezes sem qualquer referencial teórico razoável). Não sei o quanto consegui ser claro para voce, mas não tenho quaisquer problemas pessoais com pessoas em função de sua crença religiosa, até porque, para mim está claro que o ateísmo atual desempenha uma função plenamente religiosa em nossa sociedade. O ateísmo é simplesmente a mais nova religião produzida pelos modernos. O meu pânico atual, é que ela aspira a hegemonia completa do pensamento e não penso que os modernos concebam ou tenham mesmo ímpeto e imaginação para criar novas formas de relação histórica com o passado, o futuro, o sagrado e o supra-sensível. Infelizmente, ando mesmo um tanto apocalíptico... Bjão p vc minha querida!
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